sábado, 28 de julho de 2018

Meu filho foi diagnosticado com dislexia - experiência pessoal

Dislexia e disgrafia 

Dislexia significa "dificuldade com a palavra escrita". É uma dificuldade de aprendizagem, que pode ser hereditária ou adquerida. Inclui défices na leitura, no processamento fonológico, na memoria de trabalho, na capacidade de nomeação rápida e na automatização. E uma perturbação tratável, mas não curável.
Disgrafia é uma dificuldade de aprendizagem em que a criança tem problemas com o ato físico de escrever. Também pode ter dificuldades na organização e na expressão das suas ideias escritas.


O meu filho tem Dislexia e Disgrafia, e agora?
O Ivo tem 10 anos, e foi-lhe diagnosticado dificuldade de aprendizagem neste ano escolar. Resumidamente vou contar como chegamos a esse diagnostico.

Em Portugal, quando ele entrou no 1º ano, foi quando comecei a notar que havia alguma  coisa estranha na maneira de ele aprender a ler. E porquê que eu notei isso? por comparação. Eu tenho outro filho, mais velho, que aprendeu a ler muito rápido. Mas o Ivo tinha muita dificuldade a memorizar as letras. Eu colocava até vídeos de canções com as vogais, mas ele esquecia muito rápido. 
A professora dizia que eu tinha que insistir com ele, e foi o pior que eu fiz. Com a insistência da professora e com a insistência em casa ele ganhou trauma a leitura. Ele desatava a chorar sempre que tinha que ler. Quando penso nisso parte-me o coração. No 1º ano ele não aprendeu a ler. Foi nessa altura que ele começou a frequentar a terapia da fala e a psicologa. A psicologa foi mais por outros tipos de comportamento, falta de auto-estima, os pensamentos eram feitos em voz alta, tinha muito mau perder, esse tipo de coisas.
A terapia da fala ajudou muito, mesmo muito. Ela ensinou ele a ler por associação, associar a letra com a imagem. 
A professora explicou que no primeiro ano elas não podem chumbar, então ele passou para o 2º, mas fazia o 1º ano, entenderam?? Mudou de professora e essa professora não foi das melhores, então o trauma foi aumentando. Mas na leitura houve alguns progressos. Esteve na terapeuta quase dois anos, ela disse que já não podia fazer mais nada, que agora o trabalho tinha que ser feito na escola. Durante todo esse processo eu sempre insisti na dislexia, porque ia pesquisar na net e ele tinha quase todos os sintomas, mas sempre me diziam que não, que ele não tinha.
Nesse ano, em que estava no 2º mas a fazer o 1º, ele chumbou para poder fazer o 2º normal. Ai ele mudou de professora outra vez e com ela ele teve muito boa experiencia e consegui evoluir.
Há dois anos dissidimos vir morar em Espanha. Falamos com ele, estava todo entusiasmado, porque ia mudar de escola e ia conhecer novos amigos. Quando o fui matricular, eles pela idade colocara-no no 4º ano. Resumindo: ele veio de Portugal com o 2º ano feito, mas como tinha chumbado um ano, eles aqui, em Espanha pela idade, colocaram no 4º ano e ele não fez o 3º, entenderam??
OK, decidimos deixar. Ele fez o 4º ano bastante bem, para as dificuldades que tinha, sempre o trataram bem na escola, tanto pelos meninos como pelo professor, e devo dizer que ele teve um professor que sempre se preocupou com as dificuldades que ele tinha e que foi ele que ajudou no diagnostico. 
Mas no 5º ano ele descambou, as dificuldades foram muito mais visíveis. Ele não gostava de ir a escola, queria voltar para Portugal, chorava constantemente, via-mos que estava triste, até começou a gaguejar quando lia. 
O professor também notou todas essas coisas e decidiu falar com o orientador da escola para lhe fazer uns exames para ver o que se passava com ele. E também eu o levei a um psicologa. Eu perguntei-lhe se ele queria ir claro, e ele disse que sim.
Foi o orientador que lhe diagnosticou dislexia e disgrafia. Depois do diagnostico e juntamente com o professor dissidimos que era melhor ele repetir o 5º. Falamos com ele e explicamos o porque que ele tinha essas dificuldades de aprendizagem. E acreditem ou não ele mudou o comportamento dele, tanto em casa como na escola. Ficou muito mais leve, mais alegre nas aulas e até melhorou nos últimos testes. E sabem porque? deixou de ter aquela pressão de "eu tenho que ler, eu tenho que estudar, eu tenho que passar o ano" começou a ser criança. 
O Ivo é um menino muito inteligente, que adora pintar, fazer manualidades, jogar vídeo-jogos. Ele não gosta de desporto ao r livre, o único que ele adora fazer é natação. Não gosta de estar rodeado de muita gente e não gosta de ler em voz alta. Ele tem boa nota no teste, se o exame for feito oral, porque tem muita dificuldade em explicar por palavras o que sabe.
Mas com o decorrer dos anos ele deixou de ser aquele menino extrovertido que era quando andava na pré., é um menino mais reservado, muito sensível e com muitos medos. 
Um conselho como mãe, se veem que o vosso filho tem alguma dificuldade procurem ajuda e insistam em essa ajuda, nunca pressionem, nunca digam "és preguiçoso, não queres aprender" é a pior coisa que se pode dizer para uma criança com dificuldades de aprendizagem.
Neste novo ano lectivo, ele vai ter apoio em sala de aula, exames adaptados a ele e vai continuar com a psicologa. Eu posso ir contando a evolução se vos interessa. Existe vários graus de dislexia e disgrafia. O Ivo tem uma capacidade de leitura de um menino de 2º ano, ele lê mas não consegue compreender muito bem o que está a ler, troca algumas letras e não faz a pontuação, lê tudo de seguida. Na disgrafia ele, tem uma letra quase elegível, as vezes eu tenho que pedir para ele ler para mim o que escreveu, porque eu não consigo perceber. Não faz a pontuação e tem dificuldade de fazer letra maiúscula nos sítios corretos, além de que escreve como fala. Cada criança é diferente e reage de maneira diferente as dificuldades, nós como adultos temos o dever de estar atento as alterações de comportamento deles e nas dificuldades.

www.clinadedilexia.com
www.dislex.co.pt
https://pt.wikipedi.org

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